DEIXE SEU VELHO SER FELIZ
Por Apóstola Noeme Torres
Vou começar nossa conversa narrando o que ouvi de uma jovem senhora, cujo pai, viúvo, resolveu se casar. Ela, indignada me disse: “Meu pai é viúvo e resolveu se casar novamente. Ele tem setenta anos e está com essa ideia fixa. Eu cuido dele tão bem e não posso entender a razão de um homem de setenta anos querer se casar. Eu não vou permitir que ele tome tal decisão!”. Ela falava seguidamente sem a menor disposição para ouvir.
Na realidade existe essa mentalidade em alguns filhos e eles acham que por serem adultos, podem tomar decisões por seus pais, mesmo que esses sejam totalmente saudáveis. São filhos que se enchem de “razão” e começam a proteger seus pais como se eles fossem dementes e incapazes de fazer suas escolhas. É compreensível a preocupação com o pai ou a mãe diante de uma decisão tão radical e importante como um novo casamento, mas a forma de resolver tal situação é a mesma que os pais usariam em relação aos filhos: reunir para tratar do assunto de forma lucida e humana. O termo “eu não vou permitir que meu pai…” não cabe aos filhos, assim como em uma família harmônica, nem mesmo os pais devem fazer isso com os filhos adultos. Tudo deve ser resolvido com empatia, conversão de corações – um, sentindo o que o outro sente e sofrendo a dor do outro. Essa era uma das qualidades que tornava Jesus diferente das outras pessoas – Ele tinha empatia pelo próximo. A conversão de corações é algo que muda os relacionamentos entre as gerações. A empatia gera o respeito mútuo, ingrediente essencial para qualquer relação obter sucesso.
“Que o coração dos pais se volte para seus filhos e o coração dos filhos se volte para seus pais. Do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição” (Ml 4:6b).
Todas as pessoas que gostam de dar conselhos para os velhos costumam dizer as mesmas coisas: “Está na hora do senhor parar, descansar, viajar, comprar um cachorro, brincar com os netos…” Mas é muito importante que todos saibam que cada pessoa, velha ou nova, deve decidir por si mesma o que fazer de sua vida em cada etapa. Não cabe aos amigos determinar o que o outro deve fazer; independente do amigo ser velho ou novo. Os amigos são importantes em todas as fases da vida, mas eles não são os donos da verdade, pois a partir do momento em que eles, cheios de boa intenção, trazem conselhos não solicitados, esses amigos não se tornam diferentes dos amigos de Jó e suas “máximas de cinzas”.
Minha sugestão é: Respeite os velhos, em suas decisões; eles sabem quando devem parar e se ainda podem continuar. Eles reconhecem se ainda estão sendo produtivos ou não, e podem claramente enxergar seus limites.